Nutrição
A Nutrição como parte do tratamento em Urologia Pediátrica
O cuidado nutricional abrange inicialmente avaliação de crescimento, dos hábitos e comportamento alimentar.
A partir da antropométrica verifica-se o estado nutricional atual e a velocidade do crescimento.
O hábito alimentar é analisado e adequado no sentido de promover ingestão de alimentos, na quantidade e qualidade necessárias ao crescimento e desenvolvimento.
Muitas crianças podem apresentar comprometimento da função renal, constipação intestinal, alergias alimentares, distúrbios relativos a carência ou excesso de alimentos (desnutrição ou obesidade).
Questões sabidamente relacionadas a alimentação que, quando tratadas colaboram para melhoria da saúde proporcionando mais qualidade de vida aos pacientes.
Os pacientes que serão submetidos a cirurgia recebem orientação dietética específica de acordo com o grau de injúria. Ela tem o objetivo de otimizar a recuperação e cicatrização, evitando complicações pós cirúrgicas.
Para isso conforme o porte da cirurgia, estado nutricional e a idade da criança o conteúdo protéico, de minerais e de vitaminas da dieta é elevado.
Na vigência de carências nutricionais, desnutrição ou obesidade, o primeiro passo é corrigir este estado e, para isso a conscientização e apoio da família é imprescindível.
Na constipação intestinal, freqüentemente presente em crianças com intestino neurogênico, disfunção miccional e enurese, o cuidado consiste em adequar o consumo de fibras (solúveis e insolúveis), ingestão hídrica, pro e prebióticos.
Com isso ocorre melhora do hábito e flora intestinal, levando a uma absorção mais eficiente de nutrientes, minimizando a ocorrência de infecções, distúrbios da micção e incontinência urinária.
Crianças com mielomeningocele apresentam uma tendência a um maior ganho de peso, não só relativo as comorbidades próprias da patologia, mas também por consumo excessivo de alimentos pobres em nutrientes essenciais.
Sendo implementada conduta nutricional no sentido de ajustar ingestão alimentar a necessidade calórica da criança.
No momento estão em andamento as seguintes linhas de pesquisa:
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Avaliar a velocidade de crescimento de crianças com bexiga neurogênica por mielomeningocele antes e depois da enterocistoplastia.
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A relação entre tratamento da constipação intestinal a partir do consumo de fibras e probióticos e a melhora dos distúrbios miccionais em crianças com mielomenigocele.
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O índice de massa corpórea antes da ampliação vesical e a incidência de complicações pós cirúrgicas em crianças com mielomeningocele.
No Centro de Apoio a Criança com Anomalia Urológica – CACAU -, é desenvolvido trabalho multidisciplinar, onde além dos cuidados nutricionais, estas crianças recebem apoio psicológico, fisioterápico e de enfermagem.
REFERÊNCIAS:
Donovan BO, Boci M, Kropp BP, Bright BC, Roth CC, Confer SD, et al. Body mass index as a predictive value for complications associated with reconstructive surgery in patients with myelodysplasia. J Urol. 2009;181(5):2272-5.
Krassioukov A, Eng JJ, Claxton G, Sakakibara BM, Shum S. Neurogenic bowel management after spinal cord injury: a systematic review of the evidence. Spinal Cord. 2010 Oct; 48(10):718-33.
Shurtleff DB, Walker WO, Duguay S, Peterson D, Cardenas D. Obesity and myelomeningocele: anthropometric measures. J Spinal Cord Med. 2010;33(4):410-9.
Woodhouse CR. Myelomeningocele: neglected aspects. Pediatr Nephrol. 2008;23(8):1223-31.
Kurzrock EA. Pediatric enterocystoplasty: long-term complications and controversies. World J Urol. 2009;27(1):69-73.
Profissional Responsável
Silvia Ferraz Ayrosa Ponte
Mestre em Urologia Pediátrica pela UNIFESP / Especialista em Nutrição no Esporte pelo C. U. São Camilo
Nutricionista do Grupo de Urologia Pediátrica da UNIFESP